venerdì

:: Ira Bordo...


:: O Poema é seu...


PlanoTrabalho
o poema sobre uma hipótese:
o amor que se despeja
no copo da vida,
até meio, como se
o pudéssemos beber
de um trago.
No fundo,como o vinho turvo,
deixa um gosto
amargo na boca.
Pergunto onde está
a transparência do vidro,
a pureza do líquido inicial,
a energia de quem procura
esvaziar a garrafa;
e a resposta são estes cacos
que nos cortam as mãos,
a mesada alma suja de restos,
palavras espalhadas
num cansaço de sentidos.
Volto, então, à primeira hipótese.
O amor.
Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha
o copo até cima,
para que o possa erguer à luz
do teu corpo
e veja, através dele,
o teu rosto inteiro.

Nuno Judice

giovedì

:: Javier Azurdia...


:: Amigo...




Alexandre O'Neill
Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta,
que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo
(recordam-se, vocês aí,Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil,
um tempo fértil,
Amigo vai ser,
é já uma grande festa!

:: Heinz Zander...


mercoledì

:: Busco...

Busco fora de mim
o que existe somente
em mim;
sempre serei a solitária flor
que, da infausta existência esquecida,
inconsciente,varia na embriaguez
febril do próprio odor.
Distribui-se meu ser
de tal modo no ambiente,
que chego a uma alma irmã
perto de mim supor;
sinto comigo, alguém,
longe de toda gente,
e as multidões
me dão da soledade o horror.
O que anseio é só meu,
só no meu ser existe,
e por isso me fiz muito triste,
assim triste,
no sonho de afeição
que me é dado compor...
Procuro-me a mim mesma,
em meus longes perdida,
sem poder encontrar,
dentro de estranha vida,
um amor, outro amor,
para o meu louco amor!...
Gilka Machado