venerdì

:: O Poema é seu...


PlanoTrabalho
o poema sobre uma hipótese:
o amor que se despeja
no copo da vida,
até meio, como se
o pudéssemos beber
de um trago.
No fundo,como o vinho turvo,
deixa um gosto
amargo na boca.
Pergunto onde está
a transparência do vidro,
a pureza do líquido inicial,
a energia de quem procura
esvaziar a garrafa;
e a resposta são estes cacos
que nos cortam as mãos,
a mesada alma suja de restos,
palavras espalhadas
num cansaço de sentidos.
Volto, então, à primeira hipótese.
O amor.
Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha
o copo até cima,
para que o possa erguer à luz
do teu corpo
e veja, através dele,
o teu rosto inteiro.

Nuno Judice